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Andrée Chédid

Andrée Chedid (20 de março de 1920 – 6 de fevereiro de 2011) foi uma poeta e romancista francesa de origem egípcia.

 

Terra e Poesia

A poesia não é evanescência, mas sim presença.

O vocábulo fascina o poeta. Como, através dele, descobrir a palavra? Lugar onde, libertando-se, a palavra descobre o seu pleno estio.

O poema permanecerá livre. Nunca encerraremos o seu destino no nosso.

Não damos nada ao poema que ele não nos devolva centuplicado. Julgamos construí-lo, e é ele que, secretamente, nos constrói.

Em busca de um equilíbrio para o perder de novo, o poeta não escapa à sua própria música.
Os poemas afastam-se, mas o grito permanece o mesmo.

Nunca abordaremos o jardim sem trevas. Nunca atingiremos a madrugada contínua. Melhor assim. Que seria de nós sem a sede? Sem o frágil linho do amor?

Não há saídas sem armadilhas. Cada caminho fica por decifrar. Do singular ao universal, do quotidiano ao durável, é necessário restabelecer – pedra a pedra – a passagem.

A poesia é natural. Ela é a água da nossa segunda sede.

Recusando escolher uma margem com exclusão da outra, uma das provas do poeta – mesmo que a sua água e o seu sol lhe não bastem – deveria ser essa ponte a construir.

Para ser, a poesia não espera senão o nosso olhar.

 

Voz Consonante, Traduções de Poesia de António Ramos Rosa, Edições Quasi

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Rui Knopfli

Habitante das escassas memórias ou testemunhos daqueles que com ele conviveram, do retrato tremido que nos chega de Rui Knopfli percebe-se essa “figura prematuramente frágil”, onde a ira se apaziguou pelo desgaste. É difícil dizer exactamente onde, mas o mesmo banco de pedra que um dia ergueu nos versos, ainda lá está, sujeito à vaga inclinação das lembranças. E nele o poeta, “pendurado num eterno cigarro”, fazendo do castigo um gosto, ainda que lhe pese a própria voz. E se o acento lírico não cedeu à ferrugem, em consequência da sua “linguagem castigada com desvelo de amante”, transparece dolorosamente “uma mágoa de naufrágios, e derrotas cruéis, que impõem o exílio do espaço habitado e bem amado”.

Diogo Vaz Pinto
https://ionline.sapo.pt/574191

DESPEDIDA

Tudo entre nós foi dito.
Estamos cansados e tristes
neste outono de folhas pairando
e caindo.
Entre nós as palavras colocam um mundo de
silêncio e vazio estéril.
Os próprios sonhos se encheram de neblinas
e o tempo os amarelece.
Outono decisivo de folhas secas
e bancos abandonados de cimento frio
onde não cantam aves
e o vento desce em brandos rodopios.
Apenas uma vaga angústia presente,
uma saudade sem recomeços,
a lembrança tépida a gelar como
veios de mármore.
Tudo entre nós foi dito,
olhamos o apodrecer do parque,
o vento, o crepitar leve das folhas
e, sem ressentimentos, dizemos adeus.

Rui Knopfli, in Uso Particular, Do Lado Esquerdo – http://www.flaneur.pt/produto/uso-particular/

FIM DE TARDE NO CAFÉ

Na tarde cor de azebre
falávamos de coisas amargas.
Ali, na mesa triste do café
com moscas adejando
sobre restos de açúcar
e um copo de água
morna de esquecida,
falávamos da amargura das coisas,
entre rostos graníticos e enxovalhados,
entre estranhos e estranhos
de estranhos e os que,
nada tendo de estranhos,
cuidam de cuidar
o que se passa entre estranhos.
Na tarde comprida e silenciosa
tecíamos gestos inúteis
e palavras entre dentes,
mergulhados na paisagem geométrica
do café. Do café tão cheio de gente
e fumo e moscas e caras tristes
e afinal tão profundamente,
tão desesperadamente vazio.

Rui Knopfli, in Uso Particular, Do Lado Esquerdo – http://www.flaneur.pt/produto/uso-particular/
O CAMPO

Saio para o campo. O campo
aqui não é o campo, mas a savana
eriçada de micaias e capim
feio e desigual. Habitantes
do seu mundo, os negros ignoram-me,
empenhados em suas tarefas quotidianas.
Olho para as coisas abandonadas,
latas escuras de ferrugem, lonas
pardas de pneus, ferros
retorcidos sem jeito. Entre isso
o capim espreita, descolorido, espigado
e hirsuto. Nada me sugere a face
aveludada de uma paisagem pastoril,
rosto tranquilo de criança sonhando.
Mas eles estão no seu mundo,
e eu passeio no campo.

Rui Knopfli, in Uso Particular, Do Lado Esquerdo – http://www.flaneur.pt/produto/uso-particular/

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Diário Do Dia Seguinte – Francesca Woodman

“Vida e morte são um rio, com nascente e foz. As margens, ao longo de todo o percurso, mais ou menos alimentadas de acontecimentos, obras, experiências. Mas não são elas o mais importante. Interessa, isso sim, a água que corre, o fio de um corpo que o aperto das margens pode levar à rotura ou deixar fluir livremente. No primeiro caso, o excesso de corrente provoca a sensação de que esse corpo não suporta o caudal. E decide, ele mesmo, suspender um dia a sua jornada, entrar no mar aberto e sem fim, para lá da via estreita em que o seu curso/corpo de água viveu.”

João Barrento, Como Um Hiato Na Respiração, Edições

Untitled 1975-80 Francesca Woodman 1958-1981
From Angel Series, Roma, September 1977 1977 Francesca Woodman 1958-1981

“O que leva uma mulher jovem e bela a dar esse salto aos vinte e dois anos? As fotografias dirão mais do que as motivações exteriores. Por exemplo: a obsessão da extinção definitiva, depois de dez anos a ensaiar a auto-extinção do corpo pela fotografia – do velamento ao desvelamento do corpo, à sua dissolução em imagens que dão a ver a vertigem do desaparecimento parcial e progressivo de um corpo que oscila entre a plenitude da exposição total e a vontade de discretamente se ir retirando. Não se trata, por isso, de «auto-retratos». O que vemos são séries de representações encenadas de um corpo de que a própria já se distanciou, objectivando-o.”

“A Woodman, por escolha e vocação (logo a partir dos treze anos) destinada a ver-se e rever-se no espelho do “olho da câmara” fotográfica, cedeu, primeiro, ao fascínio do espelho, depois, ao salto mortal para o vazio que este já representava: da profundidade de campo do reflexo do corpo no espelho para a vertigem do abismo.”

João Barrento, Como Um Hiato Na Respiração, Edições Averno

The Unknown Friend – Francesca Woodman 1958-1981
Untitled – Francesca Woodman 1958-1981

Como Um Hiato Na Respiração – Diário Do Dia Seguinte

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Como Um Hiato Na Respiração – João Barrento

A relação com a morte é de luta. Luta pelo prazer de sentir supremacia sobre ela, de saber exactamente qual a medida do (nosso) tempo. “O tempo é um simples modo de pensar” (Spinoza).
 
O tempo – essa substância estranha e implacável que sustenta a tirania de um mundo que absorve toda a energia mental. Mas deixa sempre aberta uma nesga através da qual a imaginação vê e recria, dia a dia, hora a hora. Ampliam-se os sentidos de ver na ausência. Até ao limite em que damos conta de que a Grande Ausente está sempre ali. Ela é, no mundo, a Grande Desconhecida que nos acompanha. E a quem podemos trocar as voltas.
 
Como Um Hiato Na Respiração, João Barrento, Averno
 
Imagem: Saudek
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Os livros do Arnaldo

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Os livros da Cátia

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Billy Collins

Poeta americano, Billy Collins nasceu em Manhattan em 1941 e cresceu em Queens. Professor, consultor e mentor de várias revistas, promotor de workshops de poesia, foi laureado, entre 2001 e 2003, como Joseph Brodsky ou Stanley Kunitz; escreveria aliás, em 2002, um magnífico poema, incluído nesta antologia, Os Nomes, homenagem às vítimas dos ataques do 11 de Setembro.

 

PoesiaAmor Universal

Chamam-lhe um campo onde os animais
que foram esquecidos pela Arca
vêm pastar sob as nuvens da noite.

Ou uma cisterna, onde a chuva que caiu
antes da história escorre ao longo de uma placa de cimento.

Qualquer que seja a forma de o ver
este não é um lugar para montar
o cavalete de três pernas do realismo

ou fazer o leitor subir
as muitas cercas de um enredo.

Deixo o romancista corpulento
com a sua máquina de escrever barulhenta
descrever a cidade onde nasceu Francine,

como Albert leu o jornal no comboio,
como as cortinas sopravam no quarto.

Deixa a dramaturga com o seu casaco rasgado
e um cão enroscado no tapete
levar as personagens

dos bastidores para o palco
para enfrentarem a escuridão de muitos olhos da sala.

poesia não é lugar para isso.
Já temos muito para fazer
ao protestar contra o preço do tabaco,

passar a concha da sopa a pingar,
e cantar canções a um pássaro numa gaiola.

Estamos ocupados a não fazer nada –
e tudo o que precisamos para isso é de uma tarde,
um barco a remos sob um céu azul,

e talvez um homem a pescar de uma ponte de pedra,
ou, melhor ainda, ninguém nessa mesma ponte.

Amor Universal, Billy Collins, Averno
trad. Ricardo Marques, Lisboa: Averno, 2014

Hoje

Se alguma vez houve um dia de primavera tão perfeito,
tão animado por uma brisa morna intermitente

que te fez querer abrir
todas as janelas de casa

e destrancar a porta da gaiola do canário,
na verdade, arrancar a pequena porta do seu batente,

um dia em que os frescos caminhos de tijoleira
e o jardim repleto de túlipas

pareciam tão incrustados na luz solar
que até te apeteceu dar com

um martelo no pisa-papéis de vidro
que está na mesa ao fundo da sala de estar,

libertando os habitantes
da sua casinha coberta de neve

para que assim pudessem sair,
de mãos dadas e franzindo os olhos

ao ver esta abóboda maior de azul e branco,
então, hoje é mesmo esse tipo de dia.

Amor Universal, Billy Collins, Averno

trad. Ricardo Marques, Lisboa: Averno, 2014

 

Rebanho

“Calcula-se que para cada exemplar da Bíblia
de Gutenberg… foram necessárias as peles de 300 ovelhas”
– de um artigo sobre imprensa

 

Parece que as estou a ver apertadas no curral
por trás do edifício de pedra
onde a prensa funciona,

todas elas se ajeitando
para encontrar um pouco de espaço
e tão parecidas umas com as outras

que seria quase impossível
contá-las,
e não há forma de dizer

qual delas irá levar a notícia
de que o Senhor é um pastor,
uma das poucas coisas que elas já sabem.

Billy Collins, Amor Universal,

trad. Ricardo Marques, Lisboa: Averno, 2014

 

Adágio
 
À noite, quando já é tarde e os ramos
batem contra as janelas,
podes pensar que o amor é apenas uma questão
 
de passar do cavalo próprio
para o burro de outra pessoa,
mas é um pouco mais complicado do que isso.
 
É mais como trocar os dois pássaros
que podem estar escondidos naquele arbusto
pelo que não tens na mão.
 
Um homem sábio disse uma vez que o amor
era como forçar um cavalo a beber
mas depois toda a gente deixou de pensar nele como sábio.
 
Sejamos claros sobre isto.
O amor não é tão simples como acordar
virado do avesso e envergando as roupas do imperador.
 
Não, é mais parecido à maneira como a caneta
se sente depois de ter derrotado a espada.
É um pouco como o tostão poupado ou a prevenção em vez do remédio
 
Tu olhas para mim através do halo da última vela
e dizes que o amor é um mal que nunca
traz a bonança, uma tempestade que não sopra nada de bom,
 
mas eu estou aqui para te lembrar,
enquanto as nossas sombras tremem nas paredes,
que o amor é o pássaro madrugador que mais vale chegar tarde do que nunca.
 
Amor Universal, de Billy Collins
trad. Ricardo Marques, Lisboa: Averno, 2014
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Paisagens da China e do Japão, de Wenceslau de Moraes

“Há alguns dias, na cidade de Kobe, – poderia precisar o dia, e quase a hora, se tamanho rigorismo me exigissem, – irrompeu a Primavera. Irrompeu: não há sombra de exagero no vocábulo. Irrompeu, surgiu de um pulo, fez explosão. Neste país do Sol Nascente, onde o sol, e com ele todas as grandes forças naturais, são ainda uns selvagens – se assim posso expressar-me – uns selvagens sem freio, sem noção das conveniências, incapazes de se apresentarem de visita, de luvas e casaca, numa corte qualquer da nossa Europa: neste país do Sol Nascente, ia eu dizendo, a criação inteira apostou, parece, em oferecer em cada dia uma surpresa, toda ela exuberâncias inauditas, espalhafatos únicos, repentismos nervosos, caprichos doidos, como se reunisse em si a quinta essência da alma das crianças e a quinta essência da alma das mulheres, a gargalhada, a troça, enfim, motejadora de tudo quanto é ordem, harmonia, contemporisadora lei das transições.”

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Paisagens da China e do Japão é um livro composto por 17 crónicas literárias e contos, escritos sobre a realidade da China, particularmente de Macau, e sobre o Japão, país que Wenceslau de Moraes escolheu para passar o resto da sua vida. Uma viagem pela cultura de ambos os países, nessa altura ainda muito desconhecidos em Portugal. Todos os contos são ilustrados com gravuras, antigas litografias que o autor escolhera para ilustrar os contos e, inclusive, desenhos originais do próprio Wenceslau de Moraes.

Pintura de Shoda-Kakuyu

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Filosofia da Música, por Vítor Guerreiro

Entre as muitas características curiosas que os seres humanos partilham está a de dedicarmos uma quantidade substancial de tempo e esforço a fazer e escutar sequências de sons sem qualquer significado convencional ou conteúdo representacional aparente. Chamamos “música” a essas sequências de som e distinguimo-las, de algum modo, daquelas que não o são. Alguma música é acompanhada de palavras cantadas mas como algo pode ser música sem conter palavras não pode ser a capacidade descritiva das palavras que explica a atenção que dedicamos, por exemplo, a uma sinfonia ou outra obra puramente instrumental. Tampouco é o fenómeno da “música pura” ou “música absoluta” uma peculiaridade ocidental.
O facto de fazermos esta distinção entre eventos sonoros, e a diversidade de comportamentos que adoptamos em virtude dessa distinção, colocam problemas filosóficos fascinantes. Eis alguns exemplos: o que faz um conjunto de sons ser música? A que realidade se refere este conceito de “música”? Mas também questões como a de saber de onde nos vem a crença de que a música é emocionalmente expressiva e o que poderia justificar essa ideia. Que relação existe entre a música e as emoções? Pode a música descrever, simbolizar ou representar as nossas “vidas emocionais”?
Que tipo de objecto, entidade ou coisa é uma obra musical? Quando assobiamos uma melodia cinco vezes, por exemplo, nenhuma dessas acções concretas pode ser identificada com a melodia, pois esta existiria mesmo que não a tivéssemos assobiado em qualquer daquelas ocasiões.
Diz-se por vezes que escutamos uma obra musical “com compreensão”. Alguém que compreende a música de uma dada tradição, contexto histórico ou autor compreende exactamente o quê? Se a música não é descritiva nem narrativa, o que há para compreender? Responder a esta pergunta supõe que tenhamos uma concepção robusta do que seja uma experiência musical e o que a distingue das outras experiências, que não o são.
Aqui listei quatro questões centrais da filosofia da música, as mesmas nas quais se centra a antologia que organizei e venho apresentar: os problemas da definição, ontologia, poder expressivo e compreensão da música. Trata-se de questões em aberto, acerca das quais muito se tem escrito sem que haja respostas definitivas ou canonicamente aceites. E isto é em parte o que as torna fascinantes, dado que o leitor que a elas chega pela primeira vez tem pela frente, não menos do que quem escreve sistematicamente sobre o assunto, o exercício desafiador mas estimulante, lúdico e prazeroso, de avaliar por si as forças e fraquezas das ideias que já se teve acerca do assunto, e imaginar modos de fazer avançar a discussão.
Vítor Guerreiro
Na próxima sexta-feira às 21h a Flâneur recebe o autor para uma conferência sobre Filosofia da Música. Estão convidados a participar.
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A Redenção de David Vann

«A tragédia traz outro sentido à vida, e não pode ser encarada apenas pelo que nos traz de depressão, mas também pelo que nos rejuvenesce»  David Vann

Durante dez anos o americano David Vann (n. 1966) lutou com o facto de o pai ter cometido suicídio quando ele tinha 13 anos, duas semanas depois de ter recusado passar algum tempo com ele numa ilha no Alasca. Com a acção a decorrer na natureza hostil do Alasca, num cenário tão aberto como asfixiante, A Ilha de Sukkwan é “uma história de redenção”. “Foi uma decisão inconsciente que me levou anos a perceber.Vejo agora claramente que o que lhe queria dizer é que teria sido suficiente eu amá-lo em vez de tentar compreendê-lo.”

Em A Ilha de Caribou, David Vann traça um retrato implacável da tragicidade da nossa condição, dos efeitos da continuada desatenção às oportunidades afectivas, do comodismo instalado nas relações humanas, das suas falsidades e dos seus ressentimentos. Neste segundo romance o escritor leva as personagens mesmo até ao limite do abismo revelando como as complexas relações de uma família se podem ir desmoronando ao longo do tempo, sem que quase ninguém se aperceba, ou se queira aperceber. Num cenário duro, de vento e de gelo, de baixios traiçoeiros, de glaciares, de rios com rápidos e de falésias comidas pela erosão, Vann vai levando as personagens até ao limite suportável. E como se não bastasse, A Ilha de Caribou tem um dos finais mais surpreendentes…

Aquário, o último livro do escritor do Alaska, leva-nos até ao coração de uma jovem corajosa e destemida, cuja busca pelo amor e a capacidade de perdoar transforma as pessoas em seu redor. Implacável e desolador, original e redentor, Aquário é uma história assombrosa de uma menina de doze anos que vive sozinha com a mãe – uma estivadora das docas locais – numa casa subsidiada próxima do aeroporto de Seattle. Todos os dias, enquanto espera na escola pela mãe, Caitlin visita o aquário local para estudar os peixes. À medida que observa as criaturas que se movem nas águas profundas, Caitlin fica imersa num outro universo.

“… e eu penso que o conto de fadas está sempre à nossa espera, que a cada momento podemos cair em florestas e lobos e vozes enganadoras e acreditar no mundo das sombras. Tudo o que tememos a ganhar forma, toda a figura ou forma que se oculta algures dentro de nós deixada à solta.”