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Sono

de Gennady Aygi

 

Consideremos alguém que não há muito nos desagradasse, que porventura até criasse em nós sentimentos negativos, consideremos essa pessoa enquanto dorme.

Por alguma razão, sentiremos pena dela. Pena das suas mangas que estão à vista, das suas mãos. Pena das suas roupas, por alguma razão. (Desperto, a sua roupa lembra uma armadura “mundana”, “institucional”, “familiar”.)

Ele é todo confiança em Algo, em Algum. E naturalmente em Alguém que é incomensuravelmente maior do que nós, que o observamos.

Mas mesmo então, há também a confiança em nós.

 

Imagem: fotografia de Alfred Stiegltiz

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SONO-E-POESIA (notas)

SONO-E-POESIA (notas), Gennady Aygi

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Acordar é, pela milésima vez, “nascer de novo”.

E, no entanto, de onde nos virá aquele arrependimento por alguma coisa que nos traz cada despertar? Porventura choramos inconscientemente a “materialidade” da vida, que foi consumida, sem nos darmos conta, durante a noite – e pela milésima vez – na fogueira escura e muda do Sono?

 

Imagem: Igor Vulokh (pintor e amigo de Gennady Aygi, que inclusivamente criou ilustrações especificamente para trabalhos poéticos seus )