“É um livro sobre o olhar, o ver, o inexplicável. Quando olhamos para uma coisa há o nosso olhar e todo o caminho que vai do nosso olho até ao objecto e o que é verdadeiro não é o objecto em si, mas a visão que temos dele.”
«Quando vejo, através da espessura da água, o quadriculado do fundo da piscina, eu não o vejo apesar da água, dos reflexos, vejo-o, justamente, através deles, por eles. Se não existissem estas distorções, estas listas de sol, se eu visse, sem esta carne, a geometria do quadriculado, aí, sim, deixaria de o ver, tal como é, onde é, a saber: mais distante do que qualquer lugar idêntico. Sobre a própria água, a potência aquosa, o elemento xaroposo e reverberante, não posso dizer que ela esteja no espaço: não está noutro lugar, mas não está na piscina. Ela habita-a, materializa-se aí, ela não está aí contida, e, se eu levantar os olhos para a cortina dos ciprestes, onde brinca o feixe dos reflexos, não posso negar que a água também a visita, ou, pelo menos, que lhe envia a sua essência, activa e viva.»
Marisa Catita está a ler o livro O Olho e Espírito de Merleau-Ponty, editado pela Vega.
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