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Felicidade

Felicidade, por Carl Sandburg

 

Pedi aos professores que ensinam o sentido da vida que me

dissessem o que é a felicidade.

E consultei executivos famosos que mandam no trabalho de

milhares de homens.

Todos abanaram a cabeça e esboçaram um sorriso como se eu

estivesse a tentar meter-me com eles

Até que  numa tarde de domingo fui dar um passeio à beira do

rio Desplaines

E vi um grupo de húngaros debaixo das árvores  com as

mulheres e filhos e um barril de cerveja e um acordeão.

 

Imagem: Jonas Mekas

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Carl Sandburg

A Grade

Agora, a mansão à beira do lago já estáCarl_Sandburg
concluída, e os trabalhadores estão
começando a grade.
São barras de ferro com pontas de aço, capazes
de tirar a vida de qualquer um que se
arrisque sobre elas.
Como grade, é uma obra-prima e impedirá a
entrada de todos os famintos e vagabundos
e de todas as crianças vadias à procura de
um lugar para brincar.
Entre as barras e sobre as pontas de aço nada
passará, exceto a Morte, a Chuva e o Dia de
Amanhã.

Carl Sandburg
Tradução de Alexandre O’Neill

Rápido

Viajo de rápido, num dos melhores comboios do país.
Lançados através da pradaria, da névoa azul, no ar escuro,
correm quinze carruagens com mil viajantes.
Todas estas carruagens serão, um dia, montes de ferrugem;
homens e mulheres que riem
no vagão-restaurante, nas carruagens-camas, hão-de acabar em pó.
No salão dos fumadores pergunto a um homem qual o seu destino.
«Omaha», responde.

Carl Sandburg
Tradução de Alexandre O’Neill

Sopa

Vi um homem famoso comer sopa.
Vi que levava à boca o gorduroso caldo
com uma colher
Todos os dias o seu nome aparecia nos jornais
em grandes parangonas
e milhares de pessoas era dele que falavam.
Mas quando o vi,
estava sentado, com o queixo enfiado no prato,
e levava a sopa à boca
Com uma colher.

Antologia Poética de Carl Sandburg – FLÂNEUR (flaneur.pt)

Carl Sandburg
Tradução de Alexandre O’Neill