«A tragédia traz outro sentido à vida, e não pode ser encarada apenas pelo que nos traz de depressão, mas também pelo que nos rejuvenesce» David Vann
Durante dez anos o americano David Vann (n. 1966) lutou com o facto de o pai ter cometido suicídio quando ele tinha 13 anos, duas semanas depois de ter recusado passar algum tempo com ele numa ilha no Alasca. Com a acção a decorrer na natureza hostil do Alasca, num cenário tão aberto como asfixiante, A Ilha de Sukkwan é “uma história de redenção”. “Foi uma decisão inconsciente que me levou anos a perceber.Vejo agora claramente que o que lhe queria dizer é que teria sido suficiente eu amá-lo em vez de tentar compreendê-lo.”
Em A Ilha de Caribou, David Vann traça um retrato implacável da tragicidade da nossa condição, dos efeitos da continuada desatenção às oportunidades afectivas, do comodismo instalado nas relações humanas, das suas falsidades e dos seus ressentimentos. Neste segundo romance o escritor leva as personagens mesmo até ao limite do abismo revelando como as complexas relações de uma família se podem ir desmoronando ao longo do tempo, sem que quase ninguém se aperceba, ou se queira aperceber. Num cenário duro, de vento e de gelo, de baixios traiçoeiros, de glaciares, de rios com rápidos e de falésias comidas pela erosão, Vann vai levando as personagens até ao limite suportável. E como se não bastasse, A Ilha de Caribou tem um dos finais mais surpreendentes…
Aquário, o último livro do escritor do Alaska, leva-nos até ao coração de uma jovem corajosa e destemida, cuja busca pelo amor e a capacidade de perdoar transforma as pessoas em seu redor. Implacável e desolador, original e redentor, Aquário é uma história assombrosa de uma menina de doze anos que vive sozinha com a mãe – uma estivadora das docas locais – numa casa subsidiada próxima do aeroporto de Seattle. Todos os dias, enquanto espera na escola pela mãe, Caitlin visita o aquário local para estudar os peixes. À medida que observa as criaturas que se movem nas águas profundas, Caitlin fica imersa num outro universo.
“… e eu penso que o conto de fadas está sempre à nossa espera, que a cada momento podemos cair em florestas e lobos e vozes enganadoras e acreditar no mundo das sombras. Tudo o que tememos a ganhar forma, toda a figura ou forma que se oculta algures dentro de nós deixada à solta.”