“A Senhora Clap e o Mundo na Palma das Mãos” é a estória de uma investigadora de aplausos, mestre em Aplausologia, que guarda nas mãos a emoção de um aplauso sentido e transparente. Se por estes dias tiverem vontade de comprar um livro, comprem este. Porque cada palavra se agarra ao coração e fica lá dentro a sorrir. Sintam só:
“Aquelas palmas, tão sinceras e sentidas, chegavam como seiva, também a quem não estava no palco. Chegavam aos bastidores, aos camarins, aos autores, aos figurinistas e cenógrafos, aos electricistas, aos sonoplastas, aos bilheteiros e arrumadores, a todos; como se todos fossem um só coração gigante, convergente e feliz. Chegada a casa, uma vez mais sem sono e absolutamente rendida ao teatro, a Senhora Clap anotou:
252. As palmas chamam pelas pessoas. No teatro nota-se mais.
253. Nunca devemos conter a vontade de bater palmas.
254. Apesar de não ser habitual, podemos bater palmas no cinema.
255. As palmas, muitas vezes, também são para quem não está visível.”
Acho que não estarei enganada ao pensar que cada um de vocês que chegar à última página do livro desatará num aplauso imenso, de mãos e olhos abertos, na certeza de que faltava um texto assim. Faltava que alguém ousasse falar de palmas como quem fala de amor porque, diz a Senhora Clap, “amar é bater palmas” e como é que poderia não ser assim?
É vosso também. Façam o favor de aplaudir.
Cristiana Afonso, 26 anos, assessora de comunicação
Local da fotografia: Café Progresso