“Gosto de ler na rua. E gosto de ler em cafés.
Gosto do Tom Waits. E gosto do Bukowski.
Redescobri o amor pelo Tom Waits ao prestar atenção à letra da “Christmas Card From a Hooker in Minneapolis”. É de uma escuridão e de uma marginalidade que me partem o coração.
Há uma tira do Charlie Brown que descreve na perfeição o que sinto:
“This song always depresses me
It brings back such sad memories… You know what I mean?
I’ve never heard another song that depresses me the way this one does…
Play it again, will you?”
Descobri a genialidade do Bukowski ao procurar saber mais sobre esta canção.
Descobri que foi a maior inspiração do Tom Waits nestas letras que, à imagem dos seus poemas e prosa, enaltecem quem vive à margem.
Pulp tem detectives privados, prostitutas, gangsters, corridas de cavalos, apostas, whiskey, rixas em bares, livrarias marginais, poetas mortos, carros americanos. Hollywood dos anos 90.
E tem um humor muito próprio e muito negro que me faz rir às gargalhadas:
“De repente, estava perdido, comecei a olhar-lhe fixamente para as pernas. Sempre fui um gajo de pernas. Foi a primeira coisa que vi assim que nasci. Embora nessa altura estivesse a tentar sair. Desde então, tenho-me empenhado na direcção contrária e com uma sorte de cão.”
Ler o Pulp, a par de ouvir a “Christmas Card from a Hooker in Minneapolis”, faz-me viajar até uma América negra, da qual, na verdade, não sei nada. E, incrivelmente, faz-me sentir imensamente ligada à vida destas prostitutas e detectives privados com quem estou a construir uma relação de grande intimidade. Faz-me sentir as suas dores, as suas mágoas, os seus pensamentos mais negros. Os seus desesperos e as suas vontades.