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O pó da terra

por Robert Lax

 

O pó do dia pousa no ar,

Grãos na luz,

Pó da marcha da multidão,

Pó da passada dos elefantes,

Pó intocado até à chegada do circo,

Pousa como um véu!

Pó da terra

atravessando o crepúsculo,

num movimento silencioso

Cada esfera

Cada molécula

Atravessando o ar,

Pudesse

No crepúsculo revelador

Voltar-se para a terra

Para os planetas,

Sustentar a verdura da criação

 

(…)

 

Imagem: Vilhelm Hammershøi

Publicado em

manhã

de Robert Lax

 

No princípio (no princípio do tempo pelo

menos) havia os compassos: rodopiando no

vazio os seus pés traçavam princípios e fins,

princípios e fim numa só linha. E a sabedoria dançava

em círculos, pois assim era seu reino: o sol

girava, mundos rodopiavam, as estacões formavam-se, e

todas as coisas ganhavam a sua forma: mas no princípio,

princípio e fim eram um.

 

E no princípio era o amor. O amor fez uma esfera:

nela todas as coisas cresceram; a esfera conteve então

princípios e fins, princípio e fim. O amor

tinha um compasso cuja dança rodopiante traçou no

vazio uma esfera de amor: no seu centro

nasceu uma fonte.

 

Imagem: Capa da primeira edição de “Circus of the Sun”, de Robert Lax