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La petite promenade du poète

de Dino Campana

 

Ando pelas estradas

Obscuras estreitas e misteriosas:

Vejo através das vidraças

Mostrarem-se Gemnas e Rosas.

Há quem desça tacteando

As escadas misteriosas:

Por detrás das vidraças reluzentes

Estão as comadres a coscuvilhar.

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A estradinha é solitária:

Nem um cão: são escassas as estrelas

Na noite sobre os telhados:

E a noite parece-me bela.

E caminho, um pobre coitado

Na noite fantasiosa,

Ainda que na boca sinta

A saliva desgostosa. Ando pela pestilência

Ando pela pestilência e pelas ruas

E ando e continuo a andar,

Até onde as casas começam a escassear.

Encontro a relva: ali me estendo

Enroscado como um cão:

À distância um bêbado

canta os seus amores às persianas.

 

Imagem: Paul Klee

 

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Regresso

De Dino Campana

 

A água o vento

A sanidade das primeiras coisas –

O trabalho humano sobre o elemento

Líquido – a natureza que conduz

Estratos sobre estratos de rocha – o vento

Que brinca no vale – e a sombra do vento

A nuvem – o aviso distante

Do rio no vale –

E as ruínas do contraforte – o deslizamento

A vitória do elemento  – o vento

Que graceja no vale.

Sobre o longuíssimo vale que forma uma estrada

A casinha de pedra sobre o verde extenuante:

A branca imagem do elemento.

 

imagem:  Pintura de Paul Cezanne