Descrição
Como podem imaginar, a vitória de Trump foi para mim, como para quase todos os meus amigos americanos, uma espécie de surpresa, que provoca, irresistivelmente, sentimentos de depressão, de medo, até mesmo de pânico… Ora, a filosofia, pelo menos a minha filosofia, declara que, ainda que sejam inevitáveis, nenhum destes afectos poderia preparar uma autêntica resposta política ao desastre. Pois estes afectos depressivos são de algum modo a atestação negativa da vitória de Trump, quase uma maneira de lhe pagar um tributo. Devemos então ultrapassar o medo, o desapontamento e a depressão. Mais do que nunca, o nosso dever é meditar acerca da situação política que é a do nosso mundo, a fim de estar em condições de fornecer uma resposta racional à questão ao mesmo tempo urgente e obcecante: de que é feito o mundo contemporâneo para que a noite passada possa ter acabado num tal horror? Como é possível que alguém como Trump possa ser eleito presidente da maior potência imperial do mundo, os Estados Unidos da América?