Descrição
Escreveu-o em 2001 e anunciou-o como aquilo que haveria de ser, apesar de só em 2020 termos perdido Jan Morris: o seu último livro de viagens. E logo dedicado a Trieste, cidade que, longe de ser a mais entusiasmante que esta intrépida viajante conheceu, foi aquela que a escritora viu como «uma descrição de mim própria». Uma cidade sempre à procura de si, sempre a reinventar-se, existencialista, pragmática, diversa e, apesar de existir sem grandes monumentos, bem resolvida e alegre, a que Jan Morris voltou várias vezes ao longo da sua vida, para só tardiamente reunir num único livro todas as impressões lhe ficaram.
«Em certo sentido, Trieste é uma súmula de todas as viagens de Jan Morris: aqui, ‘sinto que este porto de mar opaco que povoa as minhas visões, tão cheio de doce melancolia, ilustra não somente as minhas emoções adolescentes do passado como também os meus interesses de toda uma vida’. Trieste transforma-se no lugar de todas as projeções, ambições e desejos da escritora Jan Morris, que calcorreara o mundo inteiro. Porquê? Talvez porque, como anota desde o primeiro encontro, a cidade se oferece sem traço distintivo evidente como um lugar aonde se vai sem se saber bem o que se procura, como Joyce, que aqui veio parar nos primeiros anos do século XX para sustentar a família.»
António Mega Ferreira, Prefácio