Descrição
O trabalho de João Jacinto assenta num processo onde cada obra se faz e refaz, com todas as outras, em paralelo.
Este livro foi publicado por ocasião da exposição Tebaida, com curadoria de Sérgio Fazenda Rodrigues, realizada na Galeria Sete – Arte Contemporânea, em Coimbra, de 4 de Maio a 7 de Junho de 2019.
CRÍTICAS
«O trabalho de João Jacinto assenta num processo onde cada obra se faz e refaz, com todas as outras, em paralelo. Um processo que não é imediato e se gere num tempo próprio, onde as coisas surgem por camadas e se mostram lentamente.
Se por vezes esse tempo é rápido, noutra instância ele demora dias, semanas, meses ou até anos. Mas, no seu decorrer, ele é sempre um tempo mágico, inquieto, onde a cadência não é linear e as imagens deixam-se sobrepor, intersectar e revolver.
Dir-se-ia, então, que a vontade das coisas (que está sempre em transformação) impele uma acção que explora, ensaia e repete. Algo que dá corpo às obras com a mesma curiosidade, vontade e ímpeto com que uma criança se deixa fascinar; de forma prolongada. […]
Entre a figura e a matéria, entre o traço e a mancha, entre a pintura e o desenho, entre o fazer e o acontecer, as obras de João Jacinto procuram o registo de algo que está em movimento, ou em contínuo processo de transformação. Essa acção de mudança contínua transporta a inquietude que o leva a fazer e refazer o trabalho. Que o leva a procurar a diferença na repetição e, no fundo, a reflectir sobre a natureza de uma prática disciplinar, a forma como esta é vivida e a necessidade premente de ver e intervir.»
Sérgio Fazenda Rodrigues
«As cabeças cortadas de Jacinto, pousadas sobre prateleiras e tendo por fundo a rugosidade de muros há muito desleixados, por vezes amordaçadas, de outras com os olhos vendados, significam-nos essa nova condição, ou possibilidade, do rosto, num tempo histórico em que o humano enfrenta uma dúvida profunda sobre a sua condição, nisso se reflectindo os termos de uma nova política. A extrema solidão delas é, a seu modo, signo da sua profunda soberania.» Bernardo Pinto de Almeida