Descrição
Quando aos dezasseis anos lhe diagnosticaram um cancro terminal, Max Ritvo (1990-2016) tornou-se correspondente de guerra do seu corpo. Os poemas de Quatro Reencarnações são despachos de sessões de quimioterapia, de hospitais e dos mais solitários espaços domésticos. Implacavelmente corporizados, traduzem dor, violência e perda. E, no entanto, estão também erótica e electricamente sintonizados com a possibilidade e o desejo, com «todas as coisas vivas / que não levarei comigo / nesta tarde soalheira». Ritvo explora a perspectiva da morte com uma sensibilidade singular, mas é também um poeta da vida e do amor — um imparcial árbitro da mortalidade e um fervoroso paladino do próprio corpo e seus prazeres.
Ritvo escreve à mulher, a ex-namoradas, a psicoterapeutas, a diferentes pais e a uma mãe. Em tudo vê algo passível de ser amado e perdido: pastilhas Listerine, mitologia indiana, gorros de lã. Mas nestes poemas — dos seres humanos que o animam até às inanimadas máquinas hospitalares que lhe lembram a morte —, é o vulnerável e dorido tom de intimidade de Ritvo que o afirma como um dos melhores jovens poetas norte-americanos.
Tradução de Manuel Alberto Vieira.