Descrição
Beth, uma mulher que prefere ser sereia, quer um passado novo. Não basta reescrever o conto de Ariel, é urgente reeditar sua própria história. Ela não quer mais ser a moça assassinada, a Black Dahlia, aquela que chamou tanta atenção nos jornais dos EUA no início do século XX. Beth quer seu passado de volta, sua morte também.
Cabe à narradora desta novela, uma escritora radicada em Veneza e escondida no centenário Café Florian, aceitar esta ordem no meio de um luto, uma inundação e uma pausa no casamento. Ninguém pode dizer não a uma sereia gótica com apenas um seio, do outro lado uma cicatriz, no rosto uma tristeza sólida e macilenta. Juntas, numa costura artística de cicatrizes, as duas seguem em busca da transformação, da metamorfose, do maravilhamento. Partida ao cais é uma jornada surrealista, uma viagem feita numa Veneza inundada, Veneza-pântano, onde o corpo da mulher pode ser o que a dona deste corpo bem quiser e não o que artistas surrealistas como Max Ernst e André Breton desejavam, obcecados com a figura da femme-enfant.