Descrição
«Orwell combateu as formas dominantes da mentira política contemporânea: a propaganda, da qual nunca nos libertámos, e a novilíngua, a que hoje sucumbimos. Por isso, o maior dos seus ensaios talvez seja “A Política e a Língua Inglesa” (1946). A intui-ção de que a decadência da linguagem e a decadência da política estão ligadas uma à outra é fácil de acompanhar; difícil era de-monstrar, exemplificando, o que estava errado na política daquele tempo, em particular a política da esquerda daquele tempo, tra-zendo à luz as frases feitas, a sintaxe tortuosa, as metáforas mortas, os eufemismos desonestos.
Consciente de que a malea-bilidade da língua inglesa a predispõe para o sofisticado e o quo-tidiano, para a poesia e as manchetes de jornal, Orwell defendeu uma linguagem, quer dizer, uma política, de concisão e clareza, de palavras concretas e comuns. Ao contrário do que diziam os detractores, ele não “fazia o jogo” do inimigo: a linguagem de al-guns amigos é que era o seu inimigo.»
Do Prefácio