Descrição
A Primeira Antologia Poética de João Pedro Grabato Dia
Na Colecção de Poesia, dirigida por Pedro Mexia.
«Voz singular, ulcerada e mitológica, ensimesmada, onírica, ironicamente realista, brutal, descabelada.» Assim definiu Eugénio Lisboa o tom do livro de estreia de João Pedro Grabato Dias, publicado em Lourenço Marques em 1970. Mas se 40 e Tal Sonetos de Amor e Circunstância e Uma Canção Desesperada deu a conhecer uma poesia verbalmente maximalista, inventiva e cáustica, os títulos seguintes (três deles surgidos logo em 1971) oferecem-nos uma imagem mais diversa e versátil: a gravidade atónita de O Morto, o fôlego cosmogónico de A Arca, a crónica dos trópicos de Laurentinas, o presságio do estertor imperial em Pressaga.
Depois veio a independência de Moçambique, um veemente «acabou-se, adeus, xau, já lá vai» e uma afirmação analítico-pedagógica, brechtiana, a que se seguiram as inevitáveis decepções com o «estrabismo convergente da fraternidade divergente». E mesmo quando, de volta a Portugal, o poeta assumiu uma faceta mais lírica, mergulhando na infância e na identidade, regressavam sempre os «áfricos remorsos», a terra que amou, a condição de ter duas pátrias ou nenhuma, a incerta mas necessária crença nos factos contra os fados.
Odes Didácticas é a primeira antologia desse discurso e desse colosso. —P.M.