Descrição
Um conto contendo uma alegoria.
Este livro foi publicado por ocasião da exposição Francisco Tropa – O Rei Peste, com curadoria de António Gonçalves, na Galeria Ala da Frente em Vila Nova de Famalicão, de 1 de Junho a 13 de Setembro de 2019.
CRÍTICAS
«À frente de cada um dos parceiros havia uma parte de caveira que servia como copo. Por cima deles estava suspenso um esqueleto humano, por uma corda atada a uma das pernas e apertada a um anel no tecto. O outro membro, desimpedido de tal estorvo, saía do corpo em ângulo recto, causando que todo o conjunto solto e chocalhante balançasse e rodopiasse ao capricho de qualquer sopro ocasional de vento que encontrasse o caminho para o interior do apartamento.
No crânio desta coisa horrível havia uma porção de carvão em brasa, que fornecia uma luz inconstante, mas vívida, a toda a cena; caixões e outros apetrechos pertencentes à loja de um cangalheiro estavam empilhados pelas paredes e contra as janelas, impedindo que qualquer raio de luz escapasse para a rua.
À vista desta extraordinária assembleia, e da sua ainda mais extraordinária parafernália, os nossos dois marinheiros não se portaram com o nível de decoro que seria de esperar.
Gâmbias, encostando-se à parede junto da qual se encontrava, deixou cair a mandíbula a um nível ainda mais baixo que o habitual e esbugalhou os olhos ao máximo; Hugh Tarpaulin, debruçando-se até o nariz ficar ao nível da mesa, e agarrando os joelhos com as mãos, irrompeu numa longa, alta, estrepitosa gargalhada de um riso inoportuno e imoderado.»
Edgar Allan Poe, O Rei Peste