O Camião seguido de Entrevista por Michelle Porte

14.00 

de Marguerite Duras
Editora: BCF Editores
Edição: maio de 2025

Descrição

Nestas páginas bravias, descobrimos uma mulher que diz o que pensa, filma como quer e já não tem nada a perder. Trabalhando nas margens e sobre as palavras, Duras prefere vaguear sem destino. Não sabe para onde vai, diz ela, mas não aceita que lhe cortem o direito à inteligência ou às suas próprias contradições. De certa forma, ela foi sempre uma estranha no cinema, alguém que veio da escrita e não foi aceite pelos «polícias do cinema, esses que o guardam, que dizem: aqui, é a imagem, e não palavras à-toa». Talvez tenha sido essa estranheza que a empurrou para tamanha insolência. O cinema só poderá continuar se cortar com as amarras monetárias que o dominam e fecham, diz ela. É isso. Um apelo destemido, sem dúvida, mas como nos mostrou a mulher que pede boleia na estrada e todas as noites inventa a sua vida, um acto de loucura pode ser um acto de amor — o maior de todos. No Camião, esta escrita universal está misturada, é a do espectador, é a minha, tudo junto: massa negra e fechada que avança e percorre o mundo, esquecida. Mas viva. Não morta. Pronta para qualquer coisa. Para os grandes erros políticos da história dos povos. Para um poema de Mallarmé. Para um sofrimento sem causa aparente que atravessa uma mulher, uma noite, num lugar qualquer, e sobre isso não será dito nada em lado nenhum.
A obra que apresentamos é composta pelo guião e indicações técnicas do filme O Camião (1977), escrito e realiza do por Marguerite Duras, e pela longa entrevista concedida a Michelle Porte após a estreia do filme.