Descrição
Terá sido a Revolução dos Cravos tão branda e pacífica como se diz? O que aconteceu na da PIDE, em Lisboa, no 25 de Abril de 74? Que destino tiveram os agentes da polícia política do Estado Novo?
Toda a história no novo livro de António Araújo, um dos grandes especialistas da historiografia contemporânea.
O sangrento assalto à sede da PIDE no 25 de Abril, a «caça aos pides» nas ruas de Lisboa, a espectacular fuga da prisão de Alcoentre no «Verão Quente» de 1975. Enquanto isso, os principais responsáveis políticos do anterior regime abandonavam o país sem prisões nem julgamentos, o que, entre outros factores, condicionou decisivamente o destino a dar aos funcionários e agentes da polícia política do Estado Novo. Viagem por um passado que ainda é presente.
NOTA DO AUTOR
«Tornou-se um lugar-comum descrever o 25 de Abril de 1974 como uma revolução sui generis, sem derramamentos de sangue nem violências. O carácter pacífico dos acontecimentos revolucionários teve mesmo expressão simbólica nas flores postas por soldados e populares nos canos das espingardas que se mantiveram silenciosas durante todo o golpe militar. A imagem da ‘revolução dos cravos’ correu mundo. Dois jornalistas espanhóis diriam que Portugal passou de ‘um lugar de escravos a uma pátria de cravos’. Tratou-se de uma ‘branda revolução’, observará, dez anos mais tarde, Willy Brandt. O historiador Kenneth Maxwell afirmava ter sido ‘uma revolução asseada’; mas, cauteloso, não deixou também de avisar que ‘as flores murcham depressa’. […] Porém, como todos os lugares-comuns, a ideia de uma revolução sem sangue só parcialmente é verdadeira. Sem falar nas mortes ocorridas durante o chamado ‘PREC’, o dia 25 de Abril é marcado pelo desaparecimento de cinco pessoas. […] Cerca das 18 horas de dia 25, enquanto Salgueiro Maia acalma os jovens que tentavam linchar um ‘pide’, José Manuel Sequeira, um cabo do Regimento de Cavalaria 3 de Estremoz, vê passar junto dele, ao Chiado, um táxi cheio de pessoas feridas, de onde salta um homem a pedir ajuda — a PIDE estava a matar pessoas na António Maria Cardoso.»
António Araújo