Descrição
Marlene Pohle: «Em Vila Franca de Xira gostei das mulheres com penteados de cabeleireiro a comer caracóis, ou das pessoas que se enchiam de fumo a assar sardinhas. Gostei da postura de um toureiro e das pessoas que saltaram a cerca quando o touro se aproximou.»
Livro publicado no âmbito da Cartoon Xira’2018, realizada de 13 de Abril a 21 de Julho de 2019, no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira.
CRÍTICAS
«Uma vez, fui avaliada com grande humanidade numa reportagem, onde se acrescentava, felizmente, que apresento através do meu trabalho um mundo cheio de contradições e não isento de humor. É precisamente isso que vejo que me acompanha ao longo da vida, as infinitas contradições do ser humano, às quais tentamos desesperadamente dar um toque de humor. Caricaturas, sobretudo de pessoas anónimas e que não sabem que ando pelo mundo com um bloco de notas e um lápis, é o que mais gosto de fazer. Gosto das pessoas nos cafés ou num banco de praça ou daquelas que se deitam na praia, das que estão à espera de um voo atrasado e das que só se concentram nas suas mensagens electrónicas.»
Marlene Pohle
«Marlene [n. 1939, Lomas de Zamora, Buenos Aires, Argentina] olha e vê. Olha, vê e desenha. Desenha em poucos traços este nosso mundo em constante movimento. Arranca do mais profundo de cada um de nós aquilo de que muitos não se apercebem, talvez porque demasiado apressados pelas coisas duma vida mal vivida. E Marlene fá-lo tranquilamente, com uma acuidade e elegância raras, graças à sua profunda humanidade e à magia do seu traço aparentemente simples mas duma grande riqueza gráfica que resulta dum talento imenso e de milhares de desenhos feitos ao longo dos anos. […] a linguagem gráfica de Marlene, muito raramente comporta tragédia e sempre espreita aqui e ali nos seus desenhos um pequeno sorriso que pinta de azul o eventual desvario que a realidade das coisas impõe, pois que fazendo parte intrínseca da condição humana. Mulher e artista, mais humanista que Marlene é difícil de encontrar, pois a pena é a sua única arma contra as penas deste mundo.»
Carlos Brito