Descrição
SINOPSE
Júlio Pomar, se ainda estivesse vivo, ter-se-ia divertido à brava com as palavras de Luisa Cunha porque lhe teria reconhecido um lado anti-regra que ele também tinha.
Luisa Cunha: O Material Não Aguenta — Conversas com Sara Antónia Matos, Pedro Faro e Hugo Dinis insere-se na colecção Cadernos do Atelier-Museu Júlio Pomar e dá seguimento ao projecto de entrevistas que se iniciou com Júlio Pomar: O Artista Fala…[2014], continuou com Rui Chafes: Sob a Pele [2015], Julião Sarmento: O Artista Como Ele É [2016], Pedro Cabrita Reis: A Voragem do Mundo [2017] e Alexandre Melo: Cúmplice dos Artistas [2018].
As entrevistas são feitas por ocasião do programa de exposições do Atelier-Museu, que cruza a obra do pintor com a de artistas convidados, mostrando novas relações daquele com a contemporaneidade. […]
As conversas com Luisa Cunha pretendiam dar a conhecer uma artista com um percurso invulgar, mulher, que começou relativamente tarde a sua carreira, e cuja obra tem recaído eminentemente sobre uma materialização sonora e espacial, pouco comum à época em que começou a fazê-la. Por isso, nas conversas realizadas com a artista, procurou perceber-se se esses factores, bem como os seus posicionamentos pessoais e políticos, quase sempre críticos de uma normalização e de um consenso instituídos, condicionaram o seu reconhecimento e a sua aceitação no sistema da arte, nomeadamente comercial.
A imprevisibilidade subjacente às conversas, durante as quais a autora surge com respostas lapidares e desconcertantes, está também na linguagem que atravessa a sua obra, a qual desconstrói as convenções e os protocolos museológicos, da forma e no momento que menos se espera.
[Sara Antónia Matos]
[…] os romantismos e histórias que os alunos contavam a propósito dos objectos que faziam, com uns discursos cheios de verbosidades e ilusões, não diziam nada do que eles pretendiam. Eu só respondia: o material não aguenta. O material não aguenta tanta historieta. Não se esqueçam de que isto são artes visuais. Não estão a trabalhar no domínio verbal das palavras. E se construírem uma palavra tem de ter uma materialidade visual, ser palavra visual.
[Luisa Cunha]