Descrição
“- Ghénia, faz prendinhas para as meninas – pediu a mãe e pôs-lhe um jornal na frente e duas folhas de um papel duro.
Ghénia pegou numa folha, pensou um bocado e dobrou-o ao comprido…
As cabeças rapadas dos meninos, as cabecinhas das meninas apertadas nas tranças debruçaram-se por sobre a mesa.
Um bote… um barco… um barco à vela… um copo… um saleiro… um cesto para o pão… uma camisa…
Ainda estava a dar os últimos retoques, já a coisa feita a correr lhe era arrancada por uma mão impaciente.
– E para mim, e para mim, faz!
– Para ti já fez, tens uma lata! Agora sou eu!
– Ghénetchka, por favor, para mim faz-me um copo!
– Um boneco, Ghénia, faz um boneco para mim!
Ninguém se lembrou mais do jogo das prendas. Com movimentos rápidos, Ghénia dobrava e alinhava pelas dobras, tornava a dobrar, virava os cantinhos. Um boneco… uma camisa… um cão…
Estendiam as mãos para ele e ele distribuía por eles as suas maravilhas de papel e todos sorriam para ele e todos lhe agradeciam. Tirou um lenço do bolso sem dar por ela, limpou o nariz – ninguém ligou nenhuma, nem sequer ele.
Era um sentimento que só tinha tido em sonhos. Estava feliz. Não sentia nem medo, nem antipatia, nem animosidade.”