Descrição
Com este sexto Livro de Horas chega ao fim uma fase longa e decisiva na vida e na escrita de Maria Gabriela Llansol: a dos vinte anos de exílio (exterior e interior) em vários lugares da Bélgica, que haveriam de marcar indelevelmente toda a sua Obra a partir de O Livro das Comunidades.
Documentam-se aqui os quase cinco anos finais desse exílio (e ainda os meses que se seguem, no período transitório do Mucifal, antes da fixação em Colares, uma fase que prolongaria novos filões de escrita trazidos de Herbais, nomeadamente os ligados a Uriel da Costa e Hölderlin).
O tempo de Herbais seria, diferentemente do de Lovaina e de Jodoigne (os anos de 1965 a meados de 1980, que os Livros de Horas I a III documentam), um tempo em suspenso, a certa altura dominado pela incerteza, e a ansiedade, do regresso a Portugal e dos livros à espera de editor, e ao mesmo tempo revelador de uma incontrolável obsessão de escrita e de uma imaginação figural orientada para os vários livros e projectos que dariam frutos depois do regresso.
Este será, de todos os Livros de Horas já publicados, aquele que melhor se poderá designar de livro-radiografia de uma época: do «silêncio de Herbais», das dobras do real que nesses anos foram «apurando esse silêncio», emergiram, límpidas no seu mistério, como sempre em Llansol, múltiplas vozes deste Texto.