Descrição
A poesia de José Watanabe (Laredo, 1946 – Lima, 2007) demonstra que «outro realismo» é possível. Na sua escrita, o objectivo e o subjectivo apagam os seus contornos rigorosos para que possamos ter acesso a uma nova e súbita realidade. Francisco Calvo Serraller (Babelia) comparou a poesia de Watanabe com a técnica do esgrafiado, que consiste na sobreposição de duas camadas de tinta de cores contrastantes, sobre as quais a punção, ao desenhar, revela o cromatismo oculto do fundo. Dessa forma, a poesia reafirma o que sempre foi: desvelamentos breves do mundo sobre o qual caminhamos ou caça rápida dos seus sinais esquivos. Watanabe, filho de pai japonês e mãe peruana, soube processar através da linguagem, e na sua forma de olhar, as suas heranças primevas. Permanece como um dos mais importantes poetas da América do Sul.