Descrição
O sistema que programa o computador que alarma o banqueiro que alerta o embaixador que janta com o general que adverte o presidente que intima o ministro que ameaça o director-geral que humilha o gerente que grita ao chefe que abusa do empregado que despreza o operário que maltrata a mulher que bate no filho que pontapeia o cão.
Obra nascida da repressão no Uruguai, escrita durante o exílio do autor, Dias e Noites de Amor e de Guerra (1978, Prémio Casa de las Américas) é um poderoso testemunho do quotidiano em tempos de fascismo, da máquina do medo que silencia os povos e da coragem de quem recusou calar-se. Os contos e as crónicas de Eduardo Galeano são um espelho da sua própria vida: belos mas assombrosos, heterogéneos mas nunca dispersos, une-os a urgência da memória, a vontade de cristalizar os dias intermináveis e as noites em claro de quem, entre o cadafalso e a censura, escolheu lutar e amar.
Celebração da vitalidade e perseverança de um continente inteiro, em linhas de uma invulgar sensibilidade histórica e mestria expressiva, Dias e Noites de Amor e de Guerra resgata do esquecimento companheiros, amantes e desconhecidos, os mortos e os vivos, pessoas de todos os matizes que sofreram a diáspora, penúria e repressão dos «anos de chumbo» da América Latina.