Descrição
Partindo de um conjunto de documentos que tanto assinalam momentos insólitos na biografia do autor como se inscrevem numa formalidade que aponta para uma rotina coerciva, desencapados coloca em diálogo dimensões diferentes do mesmo espaço de inscrição: não rasurando a natureza informativa dos referidos documentos, Felipe Marcondes da Costa cria tensões de sentido dentro deste exercício, ocupando um espaço que se define por uma logística própria e convertendo-o numa superfície de disputa.
Tratando-se de um exercício de escrita/inscrição, desencapados surgiu em primeiro lugar apenas como um projeto-livro, centrado na reunião e reprodução deste conjunto de documentos. Mas esta reprodução, estando limitada a um formato de edição com dimensões padronizadas, não conserva todas as caraterísticas dos materiais de que resulta. Daí a necessidade de uma exposição dos objetos – que, se isolados, já carregam uma “ação dramática em si mesmo, tendo potencial para operar autonomamente” – que também transgrida os limites espaciais de um museu, operando na mesma lógica do autor de desencapados. Neste sentido, a editora maio maio, em parceria com a Câmara Municipal de Ovar, e numa co-produção com o Museu Júlio Dinis e a Rádio AVFM, propõe uma programação composta por debates, oficinas e uma performance em espaço público. Pretende-se que esta proposta desdobrada em múltiplos eventos seja capaz de fornecer um enquadramento teórico e político da obra de Felipe Marcondes da Costa, estimulando a participação de todos e todas que queiram contribuir com as suas experiências.