Descrição
“Procurei a casa, a casa partiu. O corpo
a descoberto, à mercê da noite: passageiro
a passar, a passar. Paro em minúsculas
manchas verdes dando dedos ao esqueleto
da figueira. Lembro-me perfeitamente:
a casa estava precisamente aqui. Nada
se vê. Aceito a hipótese de eu mesmo ser
noutro lugar, algures na memória da ficção.
Tenho perdido o que posso, um acaso
de alfaias, objectos que serviram,
utilitários na sucata e se falassem
diriam certamente quilómetros de amores
mal aconchegados. Um tecto de nuvens
sob as quais treme o pensamento e protege
menos mal o que ficou por fazer.”
Depois de ter publicado, em 2016, “Desde Portugal” e “Carta a mim mesmo” [Cosmorama Edições], Fernando de Castro Branco publica o seu novo livro de poesia: “De coração aberto”.