Cem Frases para Leques

17.00 

de Paul Claudel
Tradução: Pedro Eiras
Editora: Flâneur
Edição: Novembro 2023
Design: José Luís Dias
136 páginas

Descrição

“É impossível a um poeta viver algum tempo na China e no Japão sem ser atraído por todos os instrumentos que lá acompanham a expressão do pensamento: o pau de tinta‑da‑China, inicialmente tão negro como a nossa noite interior; raspamo‑lo, humedecido num pouco de água, sobre uma placa de ardósia, e um pequeno pires recolhe o sumo mágico. Depois basta mergulhar nele esse pincel, pintor da ideia!, ligeiro e como que aéreo, que ao longo das nossas falanges comunica, no mais fundo de nós, com a deflagração do poema. Alguns traços deliberados, tão precisos como os do insecto que com um longo ferrão paralisa através da casca a presa invisível – só é preciso ter o cuidado de arregaçar bem a manga e evitar que uma inspiração descuidada das nossas narinas perturbe a expiração do espírito –, e aqui está, em poucas palavras, livres do arnês da sintaxe e reunidas sobre o branco pela sua simples simultaneidade, uma frase feita de relações! Escrita, pergunto, sobre o quê? por exemplo sobre o bojo ainda ardente desta cerâmica que acabaram de tirar do forno para nós? – ou antes sobre essa asa que é o leque, ansiosa por empurrar o sopro. E tu, recebe nos ouvidos do teu coração essa palavra muda, lançada por um suspiro que nasce da mão!
cem frases para leques. É a recolha destes poemas, hoje prestes a lançarem o seu voo, pela primeira vez, ao fim de dezasseis anos, sob o nosso céu da França, que outrora no Japão, procurando‑lhes a sombra, tentei despudoradamente misturar ao enxame ritual dos haikai.”
Paul Claudel, no Prefácio, traduzido por Pedro Eiras