C de C

14.00 

de Cristina Fernandes
Editora: Flop
Edição: Abril 2022

Descrição

C de C é o livro que reúne os textos mais raros e originais de Cristina Fernandes sobre cinema, mas também sobre literatura, música, frutas e legumes, viagens de autocarro, jardins públicos, filosofia, artes plásticas, alegrias e angústias, sonhos e memórias.

“Os Sorrisos abrem como as Flores
As mulheres de Ozu sorriem. Mesmo quando estão tristes, mesmo quando tudo corre mal, mesmo Setskuko Hara, no fim de Tokyo Monogatari, sorri enquanto responde à cunhada: «Sim, a vida é decepcionante.» Gostava de descrever esse sorriso, mas cada palavra que escolho revela-se demasiado pesada e desajustada. Desisto, até porque, no fundo, o que interessa não é a descrição do sorriso, mas compreendê-lo por dentro, isto é, ser capaz de o realizar eu própria. Não é nada transcendente, é apenas um movimento”

“Bresson está numa cela sozinho
Não há muito a dizer. Os filmes de Bresson fazem-me estremecer e chorar. Qualquer um deles. Acontece quando os vejo pela primeira vez, como ontem à noite com Fugiu um Condenado à Morte, e também quando os vejo pela segunda, pela terceira vez e por aí fora. Não são filmes cerebrais nem frios, como a crítica e o público na altura os classificaram, não são nada disso. São obras-primas arrebatadoras, vêem-se com o coração, e não precisam de qualquer explicação nem introdução. Robert Bresson ensina-me a olhar e a ouvir, leva-nos pela mão, sabe-se lá para onde.”

“Os Choupos
Em Maio os choupos lembram um filme de Tarkóvski. Pensando melhor, não é bem isso, os choupos lembram o próprio Tarkóvski e não os seus filmes.”