Descrição
“Realizadoras brasileiras em tempos sombrios” poderia ser, evocando Hannah Arendt, um título alternativo deste livro de Lídia Mello. A sua força maior é, como assinala Susana de Sousa Dias, desvelar, através de entrevistas feitas pela autora, a sensibilidade e pensamento de dez realizadoras contemporâneas, que, através do cinema – o corpus abordado vai de 2011, de instituição da Comissão Nacional de Verdade, a 2019 –, abordam os autoritarismos no Brasil. Quando o direito à memória e verdade histórica é contrariado pela ascensão da extrema-direita, e o cinema é espoliado de apoio e condicionado, publicar este livro é um gesto ético e político.
Em tempos sombrios, de recuo global da democracia, e de interrogação sobre o que, no Brasil, falhou para o autoritarismo ter retornado, interroguemos estas “imagens, apesar de tudo”. Fazê-lo imaginando e dando voz a um cinema político de resistência e questionação no feminino é duplamente preciso. (Maria do Carmo Piçarra).
Este livro traz um amplo olhar de dez cineastas brasileiras, de diferentes idades e regiões do Brasil, que entre 2011 e 2019, realizaram dez lmes políticos sobre a Ditadura Civil-Militar e o Autoritarismo dos anos recentes no país. São elas: Isa Grinspum Ferraz/Marighella (2011); Tata Amaral/Hoje (2013); Emília Silveira/Setenta (2013); Maria Clara Escobar/Os dias com ele (2014); Anita Leandro/Retratos de identificação (2014); Beth Formaggini/Pastor Cláudio (2018); Susanna Lira/Torre das donzelas (2018); Maria Augusta Ramos/O processo (2018); Flávia Castro/Deslembro (2018); e Petra Costa/Democracia em vertigem (2019).