Descrição
O homem que corre o país de lés a lés com a salvação numa Bíblia debaixo do braço escreve por impulso e com sofreguidão. Vislumbramos aqui o que se persegue da noite – o que se pode pedir à noite? – o regresso a casa dos bêbados errantes e as juras de mudança sempre reformuladas. Na procura de si próprio desvia-se a medo, quase se enlouquece, mas é a exigente lucidez da escrita que o impele a fixar o fulgor do instante, a dar sentido à mais opaca experiência. Não deixa de criticar esta observação de poeta, às vezes de grande insolência, que o condiciona a um papel de parvo, de quem “sofre após o acto”.
Marta Lança, in nota prévia.