Descrição
Daniil Harms, morto aos trinta e sete anos numa prisão da Leninegrado cercada pelos nazis, pertence à última geração dos grandes vanguardistas russos que ainda ousaram exprimir-se com liberdade e ironia (embora por isso não pudessem publicar e tivessem sido reprimidos). Harms só foi publicado muito parcialmente na URSS vinte anos após a sua morte, em 1962.
É um dos mais originais representantes das novas perspectivas literárias que influenciaram a Rússia e o mundo desde o final do século XIX até ao final do primeiro terço do século XX. Fundador da OBERIU, Associação de Arte Real, erigiu o absurdo e o humor negro em arte nas suas peças e histórias curtas. É considerado o representante russo — casual ou não — do movimento surrealista (Cesariny dedica um «ditirambo» a Daniil Harms em Pena Capital ).
Além das histórias de Harms propriamente ditas, este volume contém três anexos: o Anexo 1 é o Manifesto oberiuísta. O Anexo 2, que pode considerar-se prosa típica de Harms, consiste nos cinco autos de interrogatório (entre Janeiro de 1931 e Julho de 1932) em que Harms «confessa» ironicamente os seus crimes, sobretudo o carácter anti-soviético das suas poesias infantis. O Anexo 3 é a tradução possível de três dessas suas poesias infantis.