Descrição
Novo livro de Tatiana Faia na colecção de poesia dirigida por Pedro Mexia
Eros, o agridoce (Tatiana Faia traduziu o ensaio homónimo de Anne Carson) é filho de Poro, o Recurso, e de Pénia, a Pobreza. É um deus ambivalente, contraditório, de espécie complicada. E se estes poemas se assumem como eróticos, isso não significa que sejam lúbricos. O que os motiva e inquieta é o desejo e a incerteza de um «eu», a omnipresença de um «tu» e a presença obsessiva do passado individual e histórico. Por isso, a autora de Um Quarto em Atenas traz-nos tudo o que vem ao caso: um vaso grego, uma viagem, o exílio voluntário, alegorias factuais como a de Pompeia, uma animação do passado que, como em João Miguel Fernandes Jorge, se presentifica para exprimir júbilos e ironias, anseios e descontentamentos.
Alguns poemas são declarativos e esquivos, outros, intertextuais (de Safo a Kavafis); uns recorrem à biografia alheia (o casal Ginzburg), outros, ao mote ut pictura poesis (os cadernos de Leonardo). E há os remadores da Grécia antiga e os das regatas inglesas, a história romana entre lobos e lupanares, a desadequação entre o ímpeto e a realidade, ou essa «dor facilmente inflamável / contida no espartilho de uma forma» para nos levar «ao equilíbrio indizível / de um certo jogo mental».