A UMA HORA INCERTA

16.00 

A UMA HORA INCERTA
de Primo Levi
editora: Saguão
edição de janeiro de 2025
(edição bilingue)

Descrição

Apresentada pelo próprio em tom menor no texto que abre a sua recolha, Primo Levi reconhece na sua relação com a poesia uma forma de impulso inicial face à memória da própria experiência, um impulso que antecipava a sua vontade racional, um impulso contraditório: «Sou um homem que acredita pouco na poesia e que, no entanto, a pratica. Qualquer razão para isso há.»

Esta razão, que se manteve até ao final da sua vida, estaria na possibilidade de «a poesia lhe parecer mais idónea do que a prosa para transmitir» o que tinha dentro de si, face às formas de horror e de ameaça com as quais a humanidade se confrontava e como, no decorrer do século XX, as via serem interpretadas, simbolizadas e transformadas em retóricas públicas e políticas. A razão dessa escrita permitia-lhe que certas palavras uma vez escritas num momento concreto, como no caso do poema «Shemà» que introduz o verso «considerai se isto é um homem», pudessem, in-vocando a poesia, ultrapassar o momento original e ser um argumento «em suma, para todos os casos em que se coloca a questão de saber se a humanidade, no sentido mais pessoal da palavra, é preservada ou perdida, se é recuperável ou não».

(…)

Embora mantendo um mesmo tom lapidar, estes poemas operam uma leitura moral da realidade e as perguntas que continuam a pontuar os seus versos, recorrendo a personagens simbólicas e a antropomorfismos, apontam para a indignação como um património comum. Trata-se de poemas que Levi quis que falassem de viva voz, numa via directa.

(excerto do Posfácio)