Descrição
O rosa do seu impermeável
na tarde cinzenta de meados de setembro
é um oxímero alvoroçado;
ela sabe as cores
que ficam bem à tormenta,
e não as usa para anular o aguaceiro:
equilibra-o. Ama o tom destas tardes
e os mil nomes dos seus matizes.
Assim é: vê onde ninguém olha,
lê por baixo das palavras
o que as palavras calam.
Quando intensa o temporal
e tira os sapatos para caminhar descalça
a tarde declara que nada nela é prosa.