Descrição
«O cinema não pode ser o equivalente da carta de amor ou da música dos pobres. Já não pode ser a arte que simplesmente restitui aos humildes a riqueza sensível do seu mundo. É preciso que consinta ser apenas a superfície sobre a qual se traduza, por meio de figuras novas, a experiência daqueles que foram relegados para a margem das circulações económicas e das trajectórias sociais. É preciso que esta superfície acolha a cisão que separa o retrato do quadro, a crónica da tragédia, a reciprocidade da fractura. Uma arte tem de se substituir pela outra. A grandeza de Pedro Costa está em aceitar e recusar esta alteração em simultâneo, em fazer num só e mesmo movimento o cinema do possível e o do impossível.» [Jacques Rancière]