Descrição
O ESPÍRITO E A ALMA
Devia ter sido a família a permanecer.
Deviam ter sido a minha irmã e a minha mãe camponesa.
Mas não foram. Elas foram o afecto,
não a viagem. Podia ter sido o meu pai,
mas morreu demasiado cedo. Gelmetti e Gregg
e Nogami permaneceram. Era a novidade de mim,
e a novidade depois disso, e a novidade outra vez.
Era o valioso amor e a grave luxúria.
Foi Pittsburgh que permaneceu. O ferro e o nevoeiro
e as casas de tijolo farruscas. Não foram as tias Mince e Pearl,
mas os invernos a preto-e-branco com os seus contornos
e o comprimento geológico do frio. Ruas rasgadas
pelo gelo, emergindo como bestas feridas quando
a neve finalmente partia em Abril. Comboios
com as suas locomotivas a vapor trabalhando na noite.
Verões do tamanho de cruzadas. Quando era um rapaz,
vi na baixa uma grande câmera posta à frente
do William Pitt Hotel ou apontada ao estabelecimento comercial
Kauffmann. Normalmente pela meia-noite,
mas as pessoas ainda passavam. O conjunto de câmera
vagaroso o suficiente para carros e pessoas não deixarem rasto.
As multidões em Roma e Tóquio e Manhattan
não permaneceram. Mas as ruas vazias de Perugia,
as minhas duas taças de sopa de feijão em Cós, e Pimpaporn
Charionpanith permaneceram. A nudez franca de Anna
na Dinamarca perdura em mim para sempre. Os lilases molhados
na Highland Avenue quando tinha catorze anos. Carregar
Michiko morta nos meus braços. Não é acerca do espírito.
O espírito dança, vai e vem. Mas a alma
está pregada a nós como lentilhas e bacon gorduroso alojado
debaixo das costelas. O que permaneceu é o que a alma comeu.
Como quando uma criança aprende o mundo ao pô-lo
peça a peça na boca. Como tentei roer
o meu caminho até ao Senhor, trabalhando para pôr o meu coração
contra esse coração. Deitado no trigo à noite,
deixando a chuva tomar-me depois dos meses secos.