Descrição
Os livros de Judith Teixeira foram acusados – como a sua autora – de serem imorais, obscenos, degradantes.
Juntamente com obras de António Botto e Raúl Leal, foram apreendidos e queimados. Enquanto Fernando Pessoa e outros contemporâneos defenderam os seus correligionários, Judith, uma mulher à parte dos modernistas, não teve defesa e foi atacada pelos seus pares, pelas instituições civis e pela Igreja.
Satânia, único volume de prosa ficcional da autora, reúne duas novelas onde as temáticas da sensualidade feminina são, como na restante obra da autora, exacerbadas. Judith Teixeira é a única escritora modern(ist)a portuguesa a fazer a ligação de um ultra-romantismo carregado de erotismo latente (A vestal Álvaro do Carvalhal, por exemplo) passando pelo simbolismo, decadentismo e outros movimentos até chegar ao modernismo propriamente dito.
A censura calou esta voz inconformada e, um ano depois da publicação desta obra, até à sua morte em 1959, Judith Teixeira não mais se ouviu ou fez ouvir.
Esta é a primeira edição deste livro originalmente publicado em 1927 ao qual se junta a conferência De Mim na qual Judith Teixeira se procurou defender das críticas com que foi amordaçada.