Descrição
Havendo necessidade de definir a peça de Martin Crimp, ela não cabe em nenhuma simplificação, escapa ao nome, pratica o aforismo profético, a pergunta, percorre do mito à história o tempo ancestral e o presente (o da realidade e o da cena), pelo raciocínio mostra o que revela, joga na ficção associações imprevisíveis, o lírico como matéria cénica. É um teatro épico, pela narrativa e interpelação directa dos espectadores. E é um teatro do pensamento, um teatro da história, da palavra, das imagens da frase, do corpo da palavra no espaço, sua extensão e rigor sonoros, os seus sentidos e, nessa medida, também é gestual/conflitual, físico, falas que moram no corpo sabidas de coração, como diz Steiner. Estamos diante da diversidade estrutural, dramática e cénica, de um teatro integral.
Do prefácio, Fernando Mora Ramos