Descrição
Helenista e professora jubilada do Collège de France, de que foi subdiretora, é autora de obras incontornáveis sobre a cultura grega, em particular a cultura visual. Numa das suas primeiras obras, Dédale. Mythologie de l’artisan en Grèce ancienne (1975), dá um contributo fundamental para o estudo das artes menores e do artesanato na Grécia antiga, onde sobressai a análise simultânea do mito e da sociedade ateniense. Desde 1987 tem desenvolvido uma trajetória fulgurante no âmbito da antropologia da imagem, com excelentes estudos: Prosopon. Valeurs grecques du masque et du visage (1987), Le Dieu-masque (1991), o muito e justamente famoso Du Masque au visage (1995) e «L’oeil et le miroir» incluído em Dans l’oeil du miroir, com Jean-Pierre Vernant (1997). No seu mais recente Ouvrages de dames (2009), que obteve o prémio François Millepierres da Académie Française, regressa aos mitos fundamentais do mundo feminino grego relacionado-os com a arte da tecelagem; arte que é um modo de fazer muito próprio das mulheres, mas que, mesmo assim, combina um jogo de tensões entre os sexo feminino e masculino.
A força das propostas de Frontisi-Ducroux reside na capacidade para, numa perspectiva resolutamente antropológica, combinar diversos âmbitos disciplinares, como os estudos helenistas, história, literatura, teatro, linguística, filosofia, iconologia, entre outros, assim conferindo uma excepcional robustez às suas hipóteses interpretativas. É autora de obras de grande erudição que, contudo, não idealizam o mundo antigo nem os nossos prestigiosos antecessores, gregos ou romanos, mas antes vêm sublinhar o sistema de vasos comunicantes que liga referências da mais fina elaboração ao trabalho dos artesãos e aos mitos, nas suas configurações mais sofisticadas ou populares; o trabalho dos artistas é apresentado na sua justa dimensão, comunicando com a mitologia, a literatura e a filosofia, mas também cumprindo – ou transgredindo – os ditames das tradições iconográficas, por vezes introduzindo inovações, produzindo erros, em qualquer dos casos reconhecendo a imanência própria do trabalho da imagem, irredutível às suas fontes e referências, encarando os artistas – mesmo anónimos – como genuínos criadores.