Falar com o Tempo

22.00 

de Ilda David
Editora: Sistema Solar
ISBN: 9789895680146

 

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Descrição

Thierry Santos: «Este é o catálogo da exposição Falar com o Tempo, de Ilda David’, que esteve patente ao público no Museu da Guarda, de 10 de Fevereiro a 18 de Abril de 2022, e exibiu obras realizadas maioritariamente nos últimos três anos.»
 
Às pinturas de Ilda David’ aflui uma multitude de gestos e de vozes, vindas de tempos, de lugares e com fôlegos diferentes. Uma experiência de intensidades, uma viagem sem ideia de regresso.

Ouçamos os títulos das (séries de) pinturas agora expostas: PeregrinoO viandanteHomem silvestreGénesisA luz entra na cavernaSol a solÁguas estreitasEvaporação. Dão-nos o mote e o espírito de um percurso longo, lento, denso, que se vai tecendo desde o princípio dos anos 1980, quando frequentou a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.

Exercício espiritual e busca fenomenológica, meditação e contemplação, visão interior e vibração, a prática pictórica de Ilda David’ constitui-se a partir de uma abertura total ao mundo e às mais diversas formas visíveis e invisíveis de existência.

Sobretudo nos últimos anos do seu trabalho, sobre os quais incide esta exposição, essa empatia manifesta-se, na maior parte dos casos, mais do que pela tematização da natureza, pela fusão dos seus elementos e pela tradução quase material do seu sincretismo.

As aproximações ao mundo natural que Ilda David’ incansavelmente e metodicamente enceta são como caminhadas. Erráticas errâncias, por vezes, metódicos percursos, apoiados numa cartografia literária e iconográfica, outras vezes. Fá-lo em solitário mas acompanhada de todos os autores e autoras que são a sua comunidade fraterna e cósmica. Místicos, românticos, contempladores, botanistas, semeadores, viajantes, poetas, pintores, astrónomos e outros.

O seu trabalho é uma espécie de herborização cujo programa seria tornar a vida em obra e a obra em vida. Uma recolha atenta aos pequenos pormenores e aos amplos e aos vastos saberes contidos no mundo. Uma caminhada, um exercício vitalista, «um lugar onde se vai respirar», parafraseando Eça sobre os livros de Júlio Dinis.