Descrição
Este estudo procura observar os modos como quatro textos – “Húmus” de Raul Brandão, “Livro do Desassossego” de Fernando Pessoa, “Photomaton & Vox” de Herberto Helder e “Lisboaleipzig” de Maria Gabriela Llansol – propõem a constituição do sujeito enunciador, observando a relação entre subjectividade e modelos de totalidade (a narrativa moral, o Livro) ou de fragmentação (a ironia, a metamorfose).
O sujeito é entendido como o resultado de um compromisso entre o anúncio ou o abandono do texto holístico, o reconhecimento ou a denegação da impossibilidade de exaustividade, e a final sobrevivência do eu como sujeito impotente ou a exaltação de um despojamento que o abre a novas experiências de si. Esta abordagem permite, enfim, considerar diálogos entre os quatro autores em estudo e repensar uma autoconsciência narcísica do eu para além do trabalho de luto de modelos modernos.