Cantos Órficos

14.00 

de Dino Campana,

Tradução: Tomás Sottomayor
Revisão: Manuel Alberto Vieira
Editora Flâneur
111 páginas
Novembro 2021

Descrição

Foi então que no meu entorpecimento final eu senti com delícia
o novo homem nascer: o homem nascer reconciliado com a
natureza inefavelmente doce e terrível: deliciosamente e orgulhosamente
senti seivas vitais das profundezas nascer do ser: fluir das
profundezas da terra: o céu como a terra no alto, misterioso, puro,
deserto de sombras infinito.
Levantei‑me.
Sob as estrelas impassíveis, sobre a terra infinitamente
deserta e misteriosa, da sua tenda o homem livre estende
os braços ao céu infinito, não profanado pela sombra de Nenhum
Deus.